Conferência em Faro evidencia a importância da farmácia comunitária como agente de coesão

«As farmácias comunitárias são o elo vital entre a comunidade e os serviços de saúde, principalmente nas zonas geográficas menos povoadas», garante Ana Freitas, vice-reitora da Universidade do Algarve.
Coube à vice-reitora e a Carlos Guerrero, diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, darem início à conferência “Territórios com Saúde: A Farmácia Comunitária como Agente de Coesão”, que decorreu no dia 16 de setembro, terça-feira, na Universidade do Algarve, em Faro.

Solange Escobar, da Farmácia de Aljezur, e Mariana Mouro, da Farmácia Maria Paula, descreveram a evolução da farmácia comunitária. «A farmácia vai muito além da simples dispensa de medicamentos. É um verdadeiro agente de Saúde Pública, promovendo o bem-estar e um acompanhamento contínuo da comunidade», destacou Mariana Mouro.

Para Luís Coelho, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, «as farmácias complementam o sistema de saúde e garantem o acesso a cuidados a mais pessoas», sendo exemplo disso a vacinação, os rastreios e a promoção da literacia em saúde. Nesse sentido, a promoção da equidade territorial em saúde passa também pela «integração das farmácias numa rede coordenada, de forma a garantir os melhores cuidados às populações».

Seguiu-se um debate, moderado por Ricardo Pereira, da Estrutura Associativa do distrito de Faro, que realçou a necessidade de integrar as farmácias comunitárias em planos locais de saúde e de criar um modelo que garanta a sustentabilidade das farmácias do interior.

«As farmácias são cruciais para o acompanhamento dos doentes crónicos, com a revisão da terapêutica e o encaminhamento para outros serviços de saúde, quando necessário», defendeu Tiago Botelho, presidente do Conselho de Administração da ULS do Algarve. Para que este apoio seja ainda mais eficiente, «é fundamental que as farmácias possam consultar os dados do utente e que possam aceder ao sistema com a inserção de dados recolhidos na farmácia», afirmou.

Já Miguel Samora, da Direção da ANF, apresentou os desafios da desertificação no interior e do envelhecimento da população. «As farmácias são conhecidas pela sua proximidade à população, podendo auxiliar em serviços como a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade», projeto que tem permitido que muitas pessoas tenham deixado de percorrer longas distâncias até ao hospital para poderem ter acesso à terapêutica de que necessitam.

O debate contou igualmente com a participação de Margarida Espírito Santo, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve; e Carlos Baía, vereador da Câmara Municipal de Faro.

No discurso de encerramento, a presidente da Comissão Organizadora dos 50 anos da ANF, Maria da Luz Sequeira, lembrou que, «em determinadas localidades, só a farmácia se mantém em funcionamento». Neste sentido, o «Programa de Coesão Territorial das Farmácias desenvolvido pela ANF demonstra o impacto real e o compromisso que temos com a coesão territorial», sublinhou.

O evento contou também com um momento musical, com a atuação do In Versus – Grupo de Fados e Guitarradas de Coimbra. A sessão, que decorreu no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve, insere-se no Ciclo “Farmácia e comunidade: 50 anos de construção”, no âmbito das comemorações do cinquentenário da ANF.

Numa clara demonstração da união das farmácias e do papel ativo da Estrutura Associativa da ANF, a iniciativa convida a refletir sobre o papel das farmácias na promoção da saúde e reforça a relação entre os diferentes agentes de saúde e o poder local.

18 de Setembro, 2025

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