Alentejo recebe conferência sobre papel das farmácias na Saúde Pública

«A relação de confiança é a principal ferramenta do farmacêutico comunitário», destacou Ana Margarida Adivinha, diretora do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) da Universidade de Évora (UÉ), durante a conferência “Papel das Farmácias Comunitárias na Saúde Pública”. A sessão decorreu no dia 21 de setembro, às 15h, no Palácio D.

Na sua intervenção, Ana Margarida Adivinha lembrou que existe uma forte competência técnico-científica nas farmácias que, aliada «à proximidade e à confiança que a população reconhece aos farmacêuticos comunitários», faz com que cerca de meio milhão de pessoas entrem diariamente nas farmácias portuguesas. A diretora do MICF da UÉ acredita, por isso, que é essencial existir uma «valorização profissional do farmacêutico comunitário, com capacitação e formação contínuas».

Miguel Samora, da Direção da ANF, destacou a «capilaridade da rede de farmácias tem sido acompanhada por um percurso de inovação constante, em linha com as necessidades da população». São exemplos disso a abordagem nas situações clínicas ligeiras, a renovação da terapêutica crónica, a testagem rápida, os rastreios e a vacinação em complementaridade ao SNS. No entanto, para que a integração das farmácias no sistema de Saúde seja mais efetiva, «é fundamental reforçar os canais de comunicação, essenciais para a modernização do setor», garante. João Nabais, vice-reitor da Universidade de Évora (UÉ), concorda que «o acesso por parte das farmácias ao Registo de Saúde Eletrónico Único (RSEu) é uma condição essencial para o avanço do setor da Saúde».

Seguiu-se um debate, conduzido por Sara Grou, da Estrutura Associativa de Évora, que focou o potencial estratégico da intervenção das farmácias comunitárias na Saúde Pública. Miguel Samora, da Direção da ANF, defendeu a expansão de serviços como a dispensa em proximidade e a Preparação Individualizada de Medicação (PIM), apontando a necessidade de gerar evidência para demonstrar os ganhos em saúde que as farmácias trazem à população diariamente.

O debate, que contou também com a participação de João Nabais, vice-reitor da UÉ, e Ana Margarida Adivinha, diretora do MICF da UÉ, gerou diversas intervenções por parte do público, nas quais foram abordados temas como a atração e retenção de talento; a formação e a valorização profissional; a aproximação entre a realidade prática das farmácias e o ensino; o papel das farmácias na literacia em saúde e a comunicação com as associações de doentes.

Coube à presidente da Comissão Organizadora dos 50 anos da ANF, Maria da Luz Sequeira, encerrar a sessão. Na sua intervenção, lembrou que «existe muito potencial de colaboração entre as farmácias e outros agentes de Saúde Pública», salientando que, «em determinadas localidades, só a farmácia se mantém hoje em funcionamento».

A conferência contou ainda com um momento cultural, com a atuação da Tuna Académica da Universidade de Évora. A sessão, que decorreu no Palácio D. Manuel, em Évora, insere-se no Ciclo de Conferências “Farmácia e comunidade: 50 anos de construção”, no âmbito das comemorações do cinquentenário da ANF.

Ficou evidente, mais uma vez, a união das farmácias e o forte envolvimento da Estrutura Associativa da ANF, numa iniciativa que convida à reflexão sobre o papel das farmácias na promoção da saúde e reforça a relação entre os diferentes agentes de saúde e o poder local.

24 de Setembro, 2025

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